DESAFIOS CULTURAIS DA COMUNICAÇÃO À
EDUCAÇÃO
O
autor Jesús Martín-Barbero é semiólogo, antropólogo e filósofo colombiano, um
dos expoentes nos Estudos Culturais contemporâneos. É autor do livro “Dos Meios
às Mediações.
Em
suas reflexões ele traça um paralelo entre as informações produzida nas
escolas, educação/cultura, e as
informações tecnológicas produzidas através das mídias. Ao problematizar essas
questões, o autor, nos chama à atenção para o uso da tecnologia na educação.
Manifesta em seu relato, através de um olhar crítico a sua percepção sobre a
despreparação da escola e da sociedade em lidar com as novas informações. Com
as mudanças ocorridas nos últimos tempos, a escola não se esforçou em
acompanhar, compreender e utilizar as informações trazidas pelos alunos, se
limitando a reproduzir um formato já ultrapassado de aprendizagem. Na verdade,
o que o autor se refere e levanta a questão é que não adianta modernizar as
instituições de ensino com tecnologias se não houver um preparo para usar este
mecanismo e, principalmente, mudar a forma de lidar com estas informações.
“(...) sou dos que pensam que nada pode prejudicar mais a educação do que nela
introduzir modernizações tecnológicas sem antes mudar o modelo de comunicação
que está por debaixo do sistema escolar”, escreveu o autor.
Nesta
visão, o sistema educacional não propicia à escola a mudança que necessita para
que a mesma possa contribuir com uma formação de qualidade. Já que o “modelo
predominante é vertical, autoritário na relação professor-aluno e linearmente
sequencial no aprendizado.” O autor descreve que ao introduzir tecnologias modernas
neste modelo de escola, estará reforçando ainda mais a desigualdade social,
pois cria ainda mais obstáculos para inserir a escola dentro da realidade na
qual apresenta a sociedade. O modelo
pedagógico existente não será capaz de tirar a escola da inercia mesmo que
tenha a tecnologia mais moderna, pois não são os meios, mas os problemas de
comunicação que se apresentam no processo de aprendizagem entre
professor-aluno. Pois, os jovens, por terem mais facilidade de entender e
aprender as novas tecnologias e maior compreensão do tempo e espaço precisa ter
acesso à nova linguagem que as novas tecnologias e os meios de comunicação
apresentam na sociedade e das quais a escola não estão abertas para poder se
relacionar de forma satisfatória com estes jovens. A escola usa os meios
tecnológicos somente para ilustrar os conteúdos pragmáticos, não entendendo que
ela deixou de ser o único lugar de produção de conhecimento, que existem outros
saberes que circulam por outros meios e que ao entender isto, torna-se
desafiador para o sistema educacional se adaptar ao mundo da comunicação. O
autor também fala do processo alfabetizador que não pode, sem tirar a
importância social do livro, acontecer sem levar em conta esta nova sociedade
que se apresenta no campo da comunicação. Pois, segundo o autor “o livro não está
acabando e não vai acabar, ao contrário, cada vez se vão ler mais livros,
incluindo aí textos multimídias, que não são o contrário do livro, mas sim
outro modo de escrita e outro objeto de leitura.” Entretanto esta leitura deve
levar a uma construção de cidadão capaz de ler
o mundo de maneira cidadã e que para isto o sistema educacional precisa
capacitar este cidadão para ter acesso a esta diversidades de escritas,
linguagens e discursos nos quais se produzem decisões que o diz respeito e das
quais podem afetar sua vida na sociedade em que esta inserida.
Por
tanto, a educação não pode acontecer de forma separada das novas tecnologias
que se apresenta como forma de nova comunicação, a escola deve se entender que
aprender a ler não é somente decodificar os códigos linguísticos, mas numa
linguagem mais ampla, é construir uma escola onde se pode distinguir, entender,
escolher, fortalecer, ponderar ou renovar novos conceitos, de como e onde se
estabelece nossas concepções de vida.
Assim,
entendo que não adianta equipar as escolas com modernas tecnologias se não
formar e preparar o professor para lidar com estas novas ferramentas
pedagógicas. Pois já vimos que o mau uso pode sim acarretar na reprodução de
cidadão alienados e resignados com o papel que a sociedade lhe impõe.
Todavia,
se estas ferramentas forem bem aproveitadas pelo professor ele poderá ter em
suas mãos um recurso pedagógico que facilitará muito o aprendizado escolar
destes alunos, que são e estão inseridos num mundo de comunicação rápida e
midiática, que sabe ler o mundo com um olhar mais apurado, só precisando que o
professor o ajude a direcionar este olhar para que possa criar uma sociedade
mais justa e cidadãos mais críticos dentro deste mundo cibernético.
Por Adriana Brum
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